Cidade misteriosa, onde o
cenário antigo e suntuoso arrastava uma multidão que clamava um coro palavras
que eu não entendia, mas mesmo assim não
conseguia deixar de me entregar aquelas vozes.
Parecíamos perdidos, vagávamos procurando algo. Uma legião de
homens com vestidos longos e velas nas mãos comandava a multidão nas ruas. Mulheres
assustadoras com um jeito de gente infeliz, cobriam seus rostos com véus de
renda preta. Murmuravam, se lamentavam, pediam perdão. Finalmente eu percebi. O tempo parara e o céu ficara entre o anoitecer e o amanhecer. Estávamos presos ali. Todos os castelos com
suas portas abertas e, lá de dentro, saiam milhares de pessoas assustadoras. Algumas
armadas com bandeiras, estátuas e uma bolsa que parecia de metal de onde saía uma
fumaça com um cheiro estranho. Acho que iam para a guerra!
Eu, particularmente me sentia
bem, mesmo sem palavras caminhava entre a multidão. Posto que, como o tempo
estava preso aquela cena, eu estava presa a um corpinho de sete anos e só me
restava ser livre para imaginar que igrejas eram castelos, que beatas pareciam
assustadoras e que viajar com minha avô para Aparecida do Norte em tempo de
romaria poderia ser uma experiência intrigante.
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