Tudo cheirava novo para o recém chegado. O falar cantado daquela gente
denunciava o não pertencimento, sentimento que ele levava estampado na cara,
mesmo sendo esta, a língua pátria. Era Somente ele e os barulhos da cidade, todos estrangeiros. A porta não batia igual,
os ruídos dos sapatos não lhe pareciam um caminhar corriqueiro, os sons das
crianças no brincar diário, nada lhe parecia com o que costumava sentir.
Ficou horas na beira da janela como se
espreitasse de tocaia as pessoas
na rua.
Não era só um olhar
diferente diante de tudo, mais que isso, era um recear algo... ele precisava se
adaptar, codificar o silêncio daquela cidade, entender nas entrelinhas. Se
adaptar representava achar a chave certa da porta ou, conduzir a partner num
bailado certeiro dos movimentos da saia revelando seu molde. Pura arte . Mas ele precisaria de
tempo, muito tempo para pertencer. O Hoje, era só ver, cheirar, tocar. Verbalizar, somente o necessário.
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